sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Sobre o Sentido e a busca de Propósito...

Lembram-se da frase de A. Giddens (2000, O Mundo na Era da Globalização. Lisboa: Editorial Presença. p.56) de que passei a vida a falar?
Pois aqui está:

"a própria moralidade ... precisa de ser puxada pela paixão. Nenhum de nós terá uma razão digna para viver se não tiver uma causa por que valha a pena morrer."

E muito a propósito, 
Vejam, por favor, este site:

Leiam-Nos. Oiçam-Nos com atenção...
http://www.december18th.org




8 comentários:

Leonor disse...

creio que o dificil é achar-se a causa. muita gente ou a maior parte pensa que a causa tem que ser algo de sublime. mas nao. a causa é uma coisa simples mas basta have-la para que tudo faça sentido e haja proposito.

bom ano para ti

Unknown disse...

VIVER

A dicotomia viver/existir ocupam uns bons momentos de reflexão.
A acção/inércia encontram-se num limiar pouco definido. Os enredos diários ajudam a dissimular a linha base da verdade existencial de cada um.
Viver é dizer não à frustração.

Ver, valorizar, voar;
Intuir, ir, inferir;
Vencer, valer;
Esquecer, encontrar, equilibrar;
Recordar, reconhecer, recomeçar, reencontrar, repensar; (re...).

Viver é lutar! É não querer ir na maré; Ser capaz de dizer não e seguir o que de facto vale a pena; Estar sem receio, sem medo de dizer: 'És importante para mim, para nós, para ti próprio!'
Viver é caminhar, tropeçar, chorar, levantar e recomeçar a jornada.
Existir, sem acção é vegetar, gastar energia, tempo e espaço. Viver sem inércia, é electrizar, passar o limite, o ponto de equilíbrio.

Viver é existir, na medida em que somos seres cognoscíveis, emotivos, racionais e portadores de um livre arbítrio.
Sem viver, somos apenas mais um átomo perdido na relatividade do desenho de outros.

Sara Oliveira

Unknown disse...

ainda escrevendo...

PERSPECTIVA

Viver é um termo com conotações múltiplas. Por um lado, encontramos a noção de ter, experimentar e tentar alcançar tudo o que a pressão social transmite. Por outro, num tom monocórdico para alguns ou simplista, para outros, deparamo-nos com o desfrute de um conjunto de elementos únicos e intrapessoais, cheios de índices de motivação. ***********

Cada um procura o pote, que está no fim do arco-íris, com maior ou menor sacrifício. Todos rumam por rotas diferentes para o porto do êxtase diário. Por vezes, entram no cais do desespero ou do Vazio, mas logo ajustam as coordenadas e retomam a busca do objectivo que os enaltece: ser feliz!!

De facto Leonor, essa causa está essencialmente na vivência das coisas simples de um momento. Segundo V. Frankl (1986)"...pela grandeza de um momento já se pode medir a grandeza de uma vida..."

SaraOliveira

Sara disse...

Diário do último ano

(...)
30 de Abril

"Procurar o sentido da vida, sem mesmo saber se algum sentido tem, é tarefa de poetas e de neurasténicos.

Só uma visão de conjunto pode aproximar-se da verdade. Examinar em detalhe é criar novos detalhes.

Por debaixo da cor está o desenho firme e só se encontra o que se não procura. Porque me não esqueço eu de viver... para viver?"

(Florbela Espanca, 1930)

Graça disse...

"Vive o instante que passa. Vive-o intensamente até à última gota de sangue. É um instante banal, nada há nele que o distinga de mil outros instantes vividos. E no entanto ele é o único por ser irrepetível e isso o distingue de qualquer outro. Porque nunca mais ele será o mesmo nem tu que o estás vivendo. Absorve-o todo em ti, impregna-te dele e que ele não seja pois em vão no dar-se-te todo a ti. Olha o sol difícil entre as nuvens, respira à profundidade de ti, ouve o vento. Escuta as vozes longínquas de crianças, o ruído de um motor que passa na estrada, o silêncio que isso envolve e que fica. E pensa-te a ti que disso te apercebes, sê vivo aí, pensa-te vivo aí, sente-te aí. E que nada se perca infinitesimalmente no mundo que vives e na pessoa que és. Assim o dom estúpido e miraculoso da vida não será a estupidez maior de o não teres cumprido integralmente, de o teres desperdiçado numa vida que terá fim."

Vergílio Ferreira, in 'Conta-Corrente IV'

Haverá melhor resposta? Penso que não...
Sem dúvida que a causa pela qual vale a pena morrer é a certeza que se viveu plenamente.Usufruir sempre o presente da maneira mais serena possível: isso é sabedoria de vida.
Em geral, porém, fazemos o contrário: planos e preocupações com o futuro ou também a saudade do passado ocupam-nos de modo tão contínuo e duradouro, que o presente quase sempre perde a sua importância e é negligenciado. No entanto, somente o presente é seguro, enquanto que o futuro e mesmo o passado quase sempre são diferentes daquilo que pensamos. Sendo assim, iludimo-nos uma vida inteira.

Graça Melo

Sara disse...

Partilho da mesma perspectiva!

De acordo com
Jon Kabat-Zinn(2003)
a sensibilização que emerge através da prática de prestar atenção,
com um propósito,
ao momento presente,
aceitando e não ajuizando,
define-se por Mindfulness.

Viver o "aqui" e o "agora".

Patricia ramos disse...

Nao sei se depois do que a Sara disse, vou conseguir acrecscentar algo de novo, ou satisfatorio, já que partilhamos exactamente da mesma opiniao!

VIVER...completa, no meu ponto de vista, a razao da nossa existencia! O que melhor poderia caracterizar o sentido da nossa vida, se nao Viver intensamente, aproveitar cada momento, amar, lutar, crescer, vencer, até mesmo cair, de vez em quando (que tambem faz parte desta nossa caminhada, afinal, nao estamos constantemente "na mó de cima", como se costuma dizer), enfim...viver a vida na sua essencia, naquilo que ela tem para nos oferecer! Penso que a Sara disse tudo, com a frase : "Viver o "aqui" e o "agora". Neste sentido, deixo aqui um poema de Ricardo Reis, que retrata muito bem aquilo que quero dizer...

"Cada Dia sem Gozo não Foi Teu

Cada dia sem gozo não foi teu
Foi só durares nele. Quanto vivas
Sem que o gozes, não vives.

Não pesa que amas, bebas ou sorrias:
Basta o reflexo do sol ido na água
De um charco, se te é grato.

Feliz o a quem, por ter em coisas mínimas
Seu prazer posto, nenhum dia nega
A natural ventura!"

Este poema traduz também a ideia da Leonor, de que a causa da nossa existencia é uma coisa simples...e por ser tao simples, muitas vezes nao nos apercebemos dela, nem do seu real valor!

Nesta linha, e indo agora de encontro à frase de Giddens de que "Nenhum de nós terá uma razão digna para viver se não tiver uma causa por que valha a pena morrer", penso que, tal como refere a Graça, a causa pela qual vale a pena morrer é a certeza que se viveu plenamente, de que se gozaram, ao maximo, todos os dias da nossa vida. Afinal, ja dizia Leonardo da Vinci que "Quando eu pensar que aprendi a viver, terei aprendido a morrer".

Patricia Ramos (20051682)

Guronsan disse...

Israel.
Quanto vale uma Faixa transbordante de sangue? Que justificações existem para o mais hediondo acto de violência que um ser humano pode cometer sobre outro?


“I am convinced that it is no one but ourselves who determines that it is our fate to live by the sword. There is another way, which is not the way of war. This is the path of dialogue, of understanding, of concession, forgiveness, of peace.
I believe that a person should take responsibility and feel reconciled to the way he chooses."
(Ophir-Auron, comunicação pessoal, 14 Dezembro, 2008)

Não tendo a felicidade de conhecer pessoalmente este admirável pensador livre, direi sem hesitação que nele se espelham os princípios existencialistas. Da aceitação da responsabilidade pela sua própria existência. Da crença na essência humana.
O humanismo ecoa, igualmente, nestas palavras. Na não aceitação de qualquer justificação para usar de violência sobre outras pessoas.


"Será a liberdade assim tão grave?"
(Agnes, 2008)